domingo, 11 de agosto de 2013

Devaneio




Se olho para o distante azul do céu,
Ainda consigo ver o azul de teus olhos.
Se aperto meus braços contra mim mesma,
Ainda consigo sentir seu abraço.
Se fecho meus olhos,
Ainda consigo vê-lo vivo em minhas memórias.
E melhor,
Se repouso em silêncio e deixo-me levar pelos sonhos,
Ainda vejo que está vivo e presente,
Mas se acordo, não vai embora.
Os devaneios permitem-me continuar sentindo-o por perto.


Em memória de meu pai, Martinho Mormelo (1943-2011).

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Outono





A lua pálida
Cobre-se com doces nuvens,
E apaga as estrelas,
Com a névoa suave.
E O velho bordo
Chora o orvalho
Que arranca-lhe as folhas
como pétalas mortas.
Os galhos crepitam-se ao vento,
Que sussurra cortante.
É chegado o outono,
Selam-se tempos felizes.
Repousa em silêncio,
À melodia do acalanto,
Trazida pelo tempo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Início do Fim


Início do Fim

De repente, sorrisos.
De repente, lembraças.
De repente, esquecidas.
De repente.
O homem humaniza-se.

De repente, rostos úmidos.
De repente, felicidade.
De repente, estilhaços.
De repente, olhos brilhantes.
De repente.
Alegria incabível, transferível, compartilhável.

De repente, segundos, minutos e horas.
De repente, adeus.
De repente, ignorância.
De repente, relembrança.
De repente, indiferença.
De repente.
O homem volta a ser homem.